domingo, 23 de junho de 2013

Crescimento anatômico falho



Me degrada saber que a idade para muitos traz a certeza, a certeza de tudo que pensam é fincada no mais alto grau de clareza, a certeza de tudo que dizem é fincada no mais alto dom dos letrados, a certeza de sempre estarem com a razão absoluta. Quanto mais se cresce, mais os átomos musculares e mentais se expandem e mais se atrofia a carga positiva composta de prótons chamados: humildade e respeito. Não são crianças que matam sonhos e desejos de outros, ou impõem suas vontades como impossibilidades de reversão, são adultos! 

Quando colocam um copo de álcool na mesa, um cigarro por entre o dedo do julgamento e o da ofensa, acabam por se sentirem reis com lábias dissimuladas e de impaciência, gritando ''cortem-lhe a cabeça'' para todos opositores de seus pensamentos semi-deuses e ritualísticos... Falam, falam, falam e nada escutam, falam até a saliva sugada da ponta de seus dedões dos pés secarem, até se asfixiarem em si mesmos, mas não param de argumentar como donos do verbo e da palavra!

A criança, o jovem, são seres de segundo plano na tomada de decisões, afinal, ''não viveram como nós'' ''não sabem nada da vida ainda'' ''quando crescerem, vão entender''. Puts, por que então, seguindo essa lógica, não dão os postos de governantes aos humanos mais velhos da face da terra? Existem por aí, senhoras e senhores com mais de 100 anos, eles devem ser extremamente sábios, devem possuir dons sobrenaturais até! Calem-se para esperarem eles falarem o que devem ou não fazer, afinal, viveram muito mais que vocês, afinal, vocês não alcançaram à 4ª idade ainda para entenderem a complexidade do mundo como eles compreendem, em todos os sentidos! Inclusive, no que diz respeito à sua faixa etária e à sua influência, como trabalho, faculdade, carro, casa, ensinamentos familiares, ética, melhor horário para colocar os filhos para dormir, e o que devem gastar nas compras do fim do mês. Meditem esse mantra várias vezes todos os dias, pois se não ficarão no cantinho do castigo: ''Nós adultos, não somos dignos de capacidade humana para discutirmos com eles, nem retrucarmos, devemos ouvir um NÃO, ou um CALA A BOCA E FAZ O QUE TO MANDANDO e abaixarmos a cabeça!''

Provavelmente você não concorda com isso né, adulto sabichão, mas é exatamente isso que você faz com seus filhos, sobrinhos, netos, jovens que você vê na rua, e como se não bastasse com toda a representação infantil e juvenil.

Ao tomar decisões, ao se posicionar como chefe por pagar as contas (o que é o seu dever, afinal, quem escolheu ter um filho ou não, foi você), ao ignorar outras crianças e jovens por não pertencerem ao seu laço familiar, ou mesmo quem nunca teve filho e pretende não ter, preste atenção: Você já foi criança e adolescente e está fazendo o mesmo papel de seus pais ou responsáveis ao colocar o dedo na cara como dono do mundo, mas lembra como era chato passar pela situação do oprimido? Hehehe pois é, muitas vezes você sabia de algo e mesmo assim não te escutavam, quantos choros foram tomados como birras quando na verdade eram lágrimas de descontentamento por não acreditarem em você....  Cuidar, zelar, não agir como autoritário ou ser tomado por um complexo de superioridade, não é algo optativo pra harmonia ao próximo, é obrigação! Pois você também aprende com um pequenino de canela fina do mesmo jeito que aprende com o homem de bengala e cabelos grisalhos.

O aprendizado nunca acaba, a certeza nunca é certa. A palavra certeza é um ponto temporal de comodidade, a partir do momento em que esse ponto se desvia, o incerto entra em tona e como é bem sabido (ou achamos que é), nada é para sempre... Inclusive suas opiniões de nariz arrebitado, pois a gravidade infanto-juvenil está aí para fazê-lo abaixar... Claro que se você permitir, pois é muito comum vermos adultos com o nariz tão pra cima que chega a cegar sua visão e tampar seus ouvidos. Deve ser difícil respirar um ar só seu, né? A qualidade do medidor tá como? Rsrsrsrs...

Segue mais uma poesia minha:


Vivo-morto

Um passo em falso, recato ao lamento
Inato de fé, lavrado descalço
Sufoco da dúvida, afeto covarde
Embate da vida, cavalo da sorte

A mente se apega ao choro e relento
Me monto em horas, em pouco desfaço
Prisão do ventre na melancolia
Render-se ao vento, arrepio do corte

Vigarista, acho que no fim sou
Saboto a felicidade passageira
Almejando eterna compreensão
Mas só retoco a ferida em amasso a ilusão.

Cantigas antigas batucam a memória
Ajeito a coroa de espinhos que me corta
No arrependimento, de costume paraliso
Minha alma ri, mas é no caos que mora

Das lágrimas no chão, o mendigo toma
E se sente feliz, não com a minha derrota
Por ver que caos por caos, é dente por dente
E no fim, o mais sábio sempre vence.

Louvados sejam os cegos, não precisam ver, apenas sentir...
E eu que vejo, acabo não sentindo mais...
E estar morto em vida, não morto-vivo, mas vivo-morto,
E no fim vou morrendo e morrendo, mudando e mudando.

Vigarista,  acho que no fim sou
Saboto a felicidade passageira
Almejando eterna compreensão
Mas só retoco a ferida em amasso a ilusão.


Igor Franceschi Pires Bueno, às 21:49 do dia 05/08/2012.

Obrigado!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A dor em mutação

A dor da perda nos causa um ferimento nostálgico, deve ser por que sofremos desde que nascemos. O ser humano é guerrilheiro de uma constante batalha pessoal e destinado a sofrer, claro que esse destino não se enquadra aos opressores. A vantagem que temos em cima deles é que enquanto estão nos vestindo com o véu confeccionado pelas multinacionais, nós portamos a faca que rasga esse tecido putrifico! E eles, vivem em constante confecção maquinaria, com o óleo que lubrifica suas engrenagens constituído do sangue de pobres e até de cidadãos que mesmo não estando na linha da pobreza, possuem benefícios básicos como VENDA e não como OBRIGAÇÃO GOVERNAMENTAL! E entre o imundo e o sujo, optam pela segunda opção! Mas não, não se deve conformar com mixarias!

Quando perdemos algo que era cotidiano em nossa vida, não perdemos apenas uma base de nossos pilares pessoais, perdemos um meio de acesso e evolução ao coletivo e ao pessoal. Mas ao mesmo tempo, como conforto ou forte anseio de obter algo que falta, o espaço vazio se preenche com algo que não vai ter o mesmo valor do que o que se foi, mas terá um valor diferente para o que será. Muitas vezes, caímos e não conseguimos nos levantar, não achamos esse ''algo'' que nos fortaleça e motive-nos a seguir em frente, em uma nova forma reestruturada. É por que não permitimo-nos o encaixe de um quebra cabeça onde a força somos nós, e não o meio, das mudanças que ocorrem em nossas vidas, e essa não aceitação (não quer dizer submissão), nos barra de novos horizontes. É complicado se apoiar em fontes não descobertas, mas mais complicado ainda é seguir a vida com fontes ilusórias.


Mas para obtermos essas fontes (as não ilusórias), precisamos que os pilares estejam totalmente estruturados, o que não ocorre pois muitos de nós fomos submetidos à depredação da mão dos destruidores de lares e sonhos, dos porcos que jogam a lama da mídia no povo, dos governantes e suas múltiplas faces teatrais do terror!


Devemos exigir que a mudança social seja feita e que o conceito de iguais perante a lei, se enquadre na lei do amor e da benevolência, e não na lei dos ternos e gravatas milionários!
Devemos exigir que o nosso grito seja escutado e não coberto por sacolas de dinheiro com proporções astronômicas!

Devemos exigir que a tática de guerra seja o confronto contra aqueles que querem provocar a Guerra e que gerenciam e estimulam a guerra, a tornam um fator indesviável do povo oprimido para revindicar seus direitos, e contra aqueles que ficam deitados em sua cama d'água, com crianças e adolescentes do seio verde e amarelo, nuas a sua volta ouvindo apenas a palavra gringa ''fuck'', esperando a próxima chacina para comprar sua 10ª mansão e seu 25º carro de luxo.

Chegamos a tal ponto de mutilação mental e moral, que os mesmos que deveriam ser considerados heróis pelo povo oprimido por tentarem mudar essa situação nefasta, são apedrejados com comentários de espalhadores da bagunça, do vandalismo e tumultuadores do bem estar social. 

Chegamos a tal ponto em que quando ocorre um deslisamento no barraco, é preferível salvar a TV que só transmite fezes frequenciais do que um colchão furado que lhe dê algumas horas de sono.

A dominação e o veneno dos opressores está enraizado na árvore do Baobá afro-indígena-oriental-brasileira! E o antídoto se faz por alguns ramos e galhos que conseguem captar a chuva ácida e filtrá-la, é uma pena que essa disseminação não afete a árvore toda e sim só algumas partes, mas afeta ( e é nisso que nós que adubamos a terra para fortalecer as raízes da mudança depositamos nossa fé!). 


Porém o crescimento é inevitável, o crescimento faz parte da constituição universal caro opressor. E se até no concreto nasce flor, na ''pátria amada'', ainda chegará o dia em que nascerão mentes incorruptíveis e sonhos inafiançáveis! Este é o decreto da constituição cultural da vida!



Para a nau é


Estradas, rodovias, anéis de saturno na mão das donas, poeira corrupta canalizada.
Onde estão nossos gemidos de prazer? Foram tampados pelos da dor.
Mendigos embaixo da ponte anseiam calor em suas garrafas à fuga imaginária, ponto de paz!
Casta em foça, rodoanel passa por lá, junto lixos e lixos se formam pelo ar, respiro aspirina gripal e pulmonar,

As colas do asfalto secam na molecada que aterroriza as madames e o povo cansado
                                                                                                           [do trabalho!].
Cultura fermentada pelos pobres e formulada pelos donos incubados
Reorganizo o assalto para a nau é quebrar os pilares da desorganização funcional em maré oleada por mau canal social.

Buracos acidentam o vitrô das rápidas passagens paradisíacas marginais,
Menos quando tudo para,
 Quando milhares de veículos seguem no anseio de voltar às suas moradas e são impedidos pelo coletivo capital
Porém não nascem flores no concreto?
A virar de rodas a latões cada dia e se segrega mais uma luta pelo melhor blindado.

As colas do asfalto secam na molecada que aterroriza as madames e o povo cansado
                                                                                                           [do trabalho!].
Cultura fermentada pelos pobres e formulada pelos donos incubados
Reorganizo o assalto para a nau é quebrar os pilares da desorganização funcional em maré oleada por mau canal social.

Às 00:03 do dia 03/13/203 de Igor Franceschi Pires Bueno.

Obrigado!

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Mais um...



  Até onde iremos sustentar a bandeira da hostilidade, matança e destruição ao invés da bandeira branca absoluta? Estava pensando em pegar um pano branco em casa e ficar sacudindo, vibrando em minha individualidade um breve momento de paz, imaginando milhões de pessoas fazendo o mesmo, querendo o mesmo. E não queremos? Afinal, desejamos a cada respiração sufocante um momento de paz perpétua e de melhora global (pelo menos a grande maioria de nós, independente da profundidade desse desejo). E desejamos do fundo de nossas almas esse momento, seja para nós, seja para nossa família ou para um alguém de algum lugar, de qualquer lugar. Por quê é tão difícil, mesmo com o ápice enérgico devotado à vontade da mudança, mudarmos?

 O ser humano possuí uma elasticidade mental e raciocínio, além de compreensão sentimental e adaptação às variadas situações, como nenhum outro ser sequer chegou perto. Mas mesmo assim, não mudamos. Mesmo querendo, não conseguimos mudar. É o limite sendo sempre ultrapassado que nos coloca em uma situação inacabada de busca da perfeição? Ou de fato é um idealismo incoerente à realidade, e deveríamos nos calar e aceitar que somos fracos, por mais que os mais fortes de nós representem um ideal a ser seguido, não transcendem a esfera do inacabado ou imperfeito. Então perfeição é nada mais que uma linha onde nunca chegaremos, pois a cada passo que damos, ela dá a mesma quantidade. E se pularmos, rodopiarmos ou pararmos, ela faz o mesmo... É o reflexo do desejo inalcançável.

 Pegando gancho ao tema, a revolta nos acolhe em vários momentos, a revolta de ver um amigo perdendo a casa, perdendo a vida, desistindo de um sonho e se apegando ao consumismo frenético, ou um amigo atrás das grades, sejam elas de ferro, sejam elas de plasma, sejam elas de alguma substância desconhecida. E essa revolta nos faz explodir ou implodir. Aqueles que implodem, aceitam a desigualdade temporariamente, e tapam os olhos com uma peneira. Aqueles que explodem, ferem a conformidade dos seres a sua volta, gritando alarmantemente que a situação deve ser mudada. Eu faço parte do segundo grupo, que infelizmente é minoria. A diferença é que explodimos agora para mudarmos o depois, e o primeiro grupo, explode depois para se arrepender do que nunca mudou!

Em decorrência desse desabafo, segue uma letra que fiz...


Vozes do latão



Recito o depoimento das vozes não escutadas
Do pobre, que escorre 10 reais do boy na faca
Do negro, Que é comparado a fezes desde a infância
Do índio, que é posto como lixo com suas crenças e danças.

No Norte, Nordeste o choro da criança seca antes de cair no chão
E o leite da 10ª filha por desidratação
Os livros retratam a miséria quase que imutável
Só não reportam o reinado Sarney soterrado.

Queria ter as mãos de Deus só por um segundo
Acabaria com toda dor e ódio do mundo
Mas o que é me imposto antes de nascer
É a companhia do diabo e um pente pra me resolver.

E os santos tão de terno, pagando propina
pra mais revolta da vacina, mais perda de moradia
gritando nos centros com cruz e falso louvor
Que a porcentagem do seu bolso o torna o salvador

Prazer necrófilo de ambição monetário
Estão na cúpula do três poderes políticos carcerários
Ainda verei o dia no qual vai parar toda chacina
De sonhos, sorriso, vidas, famílias.

Corri por caminho jamais pensados
Com muita dor e sofrimento ladrilhados
Mas tudo isso me deu força para renascer
E lutar cada vez mais para o amor vencer.


E na escola, professor nos trata igual escárnio
Entrega livro com título Guerra e Genocídio
Conhecimento do asfalto, droga, arma, assalto
E os conformistas nos graduam com presídio

Mas aprendi que na vida existem duas vias
A que nós corre de bala e dura poucas milhas
Onde o copo de veneno é abastecimento
E o pó da boca que sustento vira meu oxigênio

Os outros passos seguem a estreita viela
Nos reprimem, discriminam, é outro tipo de cela
A diferença é que a libertação está na arte
Na poesia, grafite, RAP e não mais no crime ou crack

Click, clack, zoom, o sangue escorre na lente da TV
Se ouvir um BUM, é a granada do exílio fudendo você
Escreva antes que seu braço seja amputado
E virar mais carne pro açougueiro milionário

O ideal para o céu, admito, é quase inalcançável
Mas do inferno pode começar aqui em baixo, cuidado
Vamos dar as mãos e rezar de forma mais ativa
Agindo anatomicamente nas palavras, melhorando dia a dia
É a esperança...

Corri por caminho jamais pensados
Com muita dor e sofrimento ladrilhados
Mas tudo isso me deu força para renascer
E lutar cada vez mais para o amor vencer.


De Igor Franceschi Pires Bueno.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Apresentação

   
   Olá mano leitor, recomendo ler este blog quem tem uma mente liberta, não conservadora e se disponibiliza à utopia do ego de forma ativa! 

    Nada sou nesse mundo, nada possuo numa realidade temporal, nada me é consagrado ou assegurado a não ser o senso racional e sensitivo. Com ele direciono a uma constante tentativa de decifrar a realidade pessoal e coletiva do Universo e dos seres que o habitam em suas complexidades racionais, emocionais e espirituais. 

    O espaço do blog é fruto da vontade de expressão de reflexões sociais, políticas, filosóficas e culturais. À escrita maldita que verão, sei que é limitada de receptividade e aplicação, mesmo que as constantes e frustantes tentativas de exposição do íntimo e de meus globos oculares observadores, em maioria o único jeito de compreensão é fechando a porta de entrada ao real e refletindo o ocorrido, , intra-atomizando o sentido palpável e imaginativo para a sempre falha aplicação material dos gritos pessoais em construção do social, por construção do social, mas a sensação interna, essa é inevitável e compreendida subconscientemente... 

   Retificando, lhes digo que aqui quem escreve é um ser totalmente limitado, vocês lerão palavras proferidas de um aprendiz nato, sim, especialista em aprender, talvez seja a única compensação atemporal dada pelo Todo incognoscível, de um mundo completamente regrado ao espaço-tempo. 

      Deixo aqui uma poesia de minha autoria, escrita no final de 2012, não marquei data... 


Renascimento


 Forte, hei de escancarar as cicatrizes

 Frente ao corte da alma em matrizes
 Calculo remédios a anestesiar-me
 Passageiros, paramédicos, acoplados na carne

 Distorce meus olhos, seca meus lábios

 Apodrece a pele, fecha e sela os poros
 Acidenta meus braços, pernas, renegado corpo
 Deixa-me atordoado, no ar fétido, grito de sufoco...

 ...Socorro!


 Arde-me, fere-me, do ventre que urgiu clemência

 Do cetro cravado no peito da ausência
 Serpentes que sentem meu ígneo ser
 Desdobram-se no culto ao renascer

 Assassino o sangue onde o ódio se agrega

 Resgato a essência, cuja apoteose se entrega
 Como uma fênix vinda do espelho de pandora
 Agora meu ego ri quando chora.

  De Igor Franceschi Pires Bueno em algum dia de 2012...


    Obrigado.