terça-feira, 12 de abril de 2016

Caminho, menino! Caminha.


Caminho, menino! Caminha.

Perspicaz, sagaz, faz nós às mais
Jaz incapaz à paz, trás atrás irreais
sinais, tais mentais, fecais, virais
Orai, vigiai, lutai, falhai no cais que cai


Ascendei por bem às que já estão lá

Pequenino menino, cantinho contido
Permitindo retido, felino caminho
Partido o sentido, nutrindo, abrindo
Brilhando em desatino, forrando um novo ninho


Ascendei por bem às que já estão lá


Sangraste, berraste, julgaram-te um traste
Desgaste do encarte, transmuta-te em arte
Voltaste atento ao seio sem medo de ser aprendiz
Mãe nossa que goza, acolhe linhas tortas, poda o mal pela raíz


Ascendei por bem às que já estão lá



 Eu, aparentemente homem e em contraste com o ser híbrido que vivo dentro de mim, sei que já não quero mais muita coisa que permeia minha cabeça, minhas ideias e meu coração.Quero ascender ao ponto de ser desconstruído, sim! Com todas as minhas forças e fragilidades. Sei que não adianta rasgar minha pele pois isso não acabaria com o homem dentro de mim nem com o homem fora de mim, com o machismo presente nesta sociedade patriarcal . O homem perverso, egoísta, desnecessário aos seres vivos, o homem doente e que é uma doença.
O problema está além da carne. E na carne também, em como é vista a carne. São ideias e mais ideias que se instauram num âmbito opressor, nascemos sujeitos a tantas coisas que não precisamos e quando nos damos conta delas, já estão tão habituais que o desapego se torna um processo lento, doloroso para o nosso orgulho, que faz refém mulheres, mulheres, mulheres e homens.
É uma grande bosta jogada no ventilador. 
Com isso, vou seguindo e tentando ao máximo caminhar no sapatinho, escutando muito e dizendo quando devo falar aos hermanos sobre o ser macho alfa, sobre essa besteira toda, falando com carinho no coração, dançando e sendo feliz, aprendendo a ter amor próprio quando falho para não me machucar por coisas que ainda não sou capaz, por coisas que não escolhi ter ou ser. Trocando ideia com as minas dessa vida, refletindo várias paradas e crescendo junto. Abrindo os horizontes e agradecendo, agradecendo cada vez mais às mulheres desse mundo, às que sempre estiveram ao meu lado, pacientes e amorosas,  que deram aquele puxão de orelha básico, constante, para eu me endireitar e não seguir a via comum. Agradecendo por todos amigos que também compartilham as dificuldades de se construir um novo ser, que estão lado a lado. Agradecendo principalmente a minha mãe, que sempre me criou com muito carinho e atenção, conversando noites e mais noites. 

Já preparo a minha cama para um amanhã mulher.



Por Igor Franceschi Pires Bueno às 14:05 do dia 12/04/2016.

2 comentários:

  1. feminista

    com a mãe
    que tenho
    sem chance
    de não ser
    feminista
    desde pequenininho
    ora ora
    companheira/o

    j.m.

    ResponderExcluir