sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Medo - Instinto não natural

  No decorrer de nossa história e suas estórias, fomos moldados, lapidados pelo escultor no topo da pirâmide, foram criadas leis para o bem comum e livros didáticos de bons costumes e linhas de raciocínio. Do boca a boca foram engessados ideais e pensamentos (e porque não sentimentos, também?), todo nosso ego foi transmutado em uma teia que possui paredes de um material mais resistente que concreto e de natureza, que se pode deduzir, até invisível, sendo impossível medir seu comprimento, largura ou área de atuação: MEDO.

  A partir do momento em que o homem foi doutrinado a pensar que ao fazer determinada coisa, ele caminharia para o lado da incoerência e mal, ele foi aprisionado nessa parede, e virou a mosca da teia cultural onde a aranha é a ética e moral impositora, e tais imposições percorrem todo o ser conscientemente e em muitos que já beberam demais desse elixir, no subconsciente. Pois você é o que é a partir dos ensinamentos e controles sobre o que você pode ou não ser, independente de qual meio social você vive ou segue, ele abraça você de tal modo que se tem a sensação de que era tudo um desde o início e que assim será para todo sempre. Somos frutos do meio que optamos ser  a partir de reflexões e impulsos inexplicáveis sobre nossa história individual e coletiva? 
   Vamos analisar um exemplo talvez incomum (e pense por que de ser incomum):
  Se você pular de um precipício perderá sua vida, e isso é ruim. Mas se não te dissessem que pular do precipício é ruim porque estar morto segue uma linha maléfica de pensamento, você ao ver um precipício, poderia optar sem medo algum de pular ou não, a sua vontade não teria barreiras e se manifestaria como uma verdadeira vontade, puramente sua! Muitos pensarão que isso seria falta de conhecimento e discernimento, possivelmente um descontrole e insanidade, mas a linha que dizem ser tênue entre sanidade e loucura é interpretada a partir dos olhos de quem vê, eu posso enxergar o que quiser e como eu quiser, claro que todo o meu QUERER, como é sabido, sempre possui traços e influências da minha cultura, do meio.
  E minhas gargalhadas insanas seguem ao saber que nenhuma das almas que fez tal ato, voltou para nos contar como foi a experiência, pelo menos não do modo carnal e convencional, como uma nova descoberta científica ou abaixo assinado promovendo a vontade sem grilhões de sua raça. Por não sabermos, apenas termos livros e experiências que nos fazem crer (com margens de descrença) e por não possuirmos uma certeza que englobe todos nossos sentidos físicos, metafísicos, ou seja, um ponto de comodidade atemporal, temos medo. E o medo que causa a insegurança, é o que nos faz medir consequências de causas que desconhecemos e de efeitos que imaginamos, mas nunca sabemos se assim serão.

   Muitos têm medo de filmes de terror, mas se nossos pais, amigos e conhecidos ficassem dizendo do filme de comédia que viram e não conseguiram dormir por achar que a risada iria pegar seus pés, rir seria algo horripilante e naturalmente, evitado.

   Como de praxe, agora vamos a poesia! rsrsrs


  Força do Leão

 Meus calcanhares! São como os de Aquiles!
 Mas meu canto como os das sereias,
 Destruo embarcações dos ventos da mentira,
 E possuo  força como  de Hércules!


 Quantos não foram atingidos pela Medusa atual,
 Ela deixou cair seus cabelos pelas cidades,
 Vão e vem com o sopro do capital,
 Com mechas de todos os tipos, tamanhos, idades.


 O teatro da tragédia, hoje é o do stand-up,
 Deram um truco na sua testa sem o zap.
 Construindo há milênios mais um dominó,
 Com um caminho circular, nos derrubam sem dó.

 Implantaram uma política intracultural,
 Sem causa nem efeito, que foge do racional,
 Te deixa com as pernas bambas, numa corda estável,
 A saída do picadeiro possui um ilusionista insaciável.

 Sou feliz por não cair no gosto deplorável,
 Pela minha mente filtrar até água potável,
 E o meu punho socar até peito de aço,
 Questionar a sina além do tempo-espaço.

 Num café, se pode coar até sair todo pó,
 Mas seu gosto sempre será um só.
 Assim eu sigo, podem tentar até me matar,
 Que minha essência não sairá do lugar.

 To com o mapa do tesouro, te ensino o caminho,
 Feche os olhos, se sinta, respire tranquilo,
 Se não entendeu, vá para frente do espelho,
 Aí está o baú, só basta abrir e olhar dentro.

 Moro numa selva de máquinas de guerra,
 Só um sou indefeso contra toda essa miséria,
 Mas juntos temos a força e urgir do mais forte leão,
 Vamos parar de dormir e espantar os urubus da ilusão.

 Das minhas tripas você não come não!
 Nos meus ancestrais, você não sobrevoa!
 O território está marcado pra paz e união
 Não desperdice suas carniceiras energias à toa.

 Fui crucificado ao nascer, na morte nasço de novo,
 Atormento os conformistas, dou fogo para meu povo.
 Te tiro do sono burguês e trago o real pesadelo,
 Libertação de mais um pião, xeque-mate no medo.

Por Igor Franceschi Pires Bueno, às 13:34 do dia 23/08/2013.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A ''certeza'' de tudo, é a incerteza?


  Praticamente nada do que eu já vi, tanto no mundo externo quanto no interno, eu entendo...
  Me encerro a essa conclusão pela seguinte linha de raciocínio: compreendo as causas de diversas situações como os motivos de pessoas usarem drogas, dirigirem máquinas potentes, saltarem de paraquedas, enfim, uma infinidade de coisas que ocorrem e que já testemunhei, li ou me foi transmitido de alguma forma. Mas nada disso eu entendo, apenas compreendo. Como se não bastasse o caótico mundo externo, mais mergulhado em dúvidas e caos se encontra o meu mundo interno. E acredito que o seu, também! E como ficaria o desfecho de coisas que vivemos, sentimos e mesmo assim, continuamos sem entender? Que mesmo lendo livros de filosofia, psicologia, ciências, ocultismo ou ficção, apenas aumentam a compreensão do todo individual e coletivo, mas não o entendimento de ambos? Deixo claro que tais dúvidas, surgem de manifestações não técnicas e calculáveis (como 1+1 são 2), embora até as mesmas entrem em constante conflito. E essa é a graça da vida? Continuar sempre com sede? Prefiro então secar no deserto de vez e me juntar aos grãos de areia, pois assim avalio minha pequenez...
  E quem nunca pensou que iria acordar dessa ilusão, chamada realidade? Há alguns que acordariam cercados por robôs monitorando cada parte do corpo, outros num planeta completamente inimaginável, outros num branco absoluto. E então pensamos que a imaginação é a única certeza real, pois é acompanhamos todo processo de construção, e não há nenhum mistérios, tudo entra em concordância com todos nossos eu's, há o esquecimento do questionamento...
  Aqui os papéis se invertem e retomam seus lugares, num ciclo sem fim alimentado por vontades, quereres, dúvidas, sentimentos, o que nos chega ao grau, mesmo que por poucos instantes, de loucura. A cada segundo reconstruímos nossa mente para uma nova viagem sem volta. E uma parte de nós fica eternamente lá. E como não dizer que é um paradoxo da vida, a própria vida? Somos completos paradoxos sem resolução, pois nenhuma resposta é certa e nenhuma dúvida rejeitável.
  A única coisa atemporal é o tempo... E o ponteiro me diz que vivemos num eterno 12, entre meio dia e meia noite, entre o despertar e o adormecer, como a hora de trocas entre em sonhos em realidades irreais, num conto de fadas com uma história existente em linhas e capítulos mas não existente na vida. Se perpetuam por horas, anos, na mente de quem as lê, mas mesmo tudo sendo visualizado de forma extremamente real, com a voz mental decifrando cada palavra e a tornando massa cerebral, muitas vezes transcendendo a energia da matéria, viajando pelos átomos da alma e espírito, elas não são afirmadas como existentes, como realidade! Como pode ser possível? 
  E se eu te disser que tudo o que você está lendo aqui, que sua consciência, sua história, são ilusões e que nada disso existe? A dúvida ''eu realmente existo? O EU é verdadeiro? Certamente que essas dúvidas já te perturbaram ao menos, uma vez. Em mim, várias, diariamente, constantemente.

Mais um poema que vem...

Insaciável

Frio... Tenho catalepsia atômica
Meu sangue circula em veias extensas
Tão extensas que nunca chegam ao seu destino
Não recebi até hoje um retorno às minhas questões,
Um vazio nunca preenchido, só o cobrem com momentos
(Momento), e logo depois retiram o cobertor
Continuo a sentir frio...

Um fantasma! Cantou uma ópera cômica
De gritos, dores, desejos, pura arte de certezas indefesas
Por trás das cenas é tão igual, atuamos com pente fino
Minhas lápides guardam os mesmos espectros e ilusões
E rezo todo dia, cada suspiro na nuca ofega meu alento( Sou contorcionista?)
Então me drogo com fé, boa moral e fingimento interior
E esqueço que sou meu eterno fantasma!

Eu só queria uma pausa...


Não. Eterna!
Ou nenhuma dúvida infinita...
Queria ter um manual da essência
Dos aromas, das ações, dos por quês, dos sentimentos.
Queria sangrar e entender se tinha um motivo verdadeiro,
Sem que me dissessem, ou me ensinassem,
Mas que eu sentisse alguma resposta, talvez não a certa,
Porém que me confortasse. Apenas....
Sem essa de ''Na sua opinião''.


Por Igor Franceschi Pires Bueno, no dia 05/08/2013, às 17:35.